Epicur, Conselho de Chefs (3)
A terceira questão refere-se Aos tempos e às cozinhas...
3. Cozinha Ocidental, ora aí está um termo engraçado...mas também não é sobre isso que vou falar... Em primeiro lugar, as duas posições estremadas: Enquanto uma mantém as memórias culturais gastronómicas dum povo ou povos, a outra recria a partir dessas memórias ou não, as próximas memórias desses povos. Complicado? Não... As condições que levaram à criação da cozinha regional em determinados momentos da História Privada foram ao longo dos tempos se modificando e a perfeição veio com o tempo. O Tempo de hoje e de há uns poucos tempos a esta parte, é muito mais acelerado que o anterior, quer em termos de percepção humana, quer em termos de exigência social. Vivemos sem Tempo e o Tempo é que nos regula. Tempo é dinheiro, Tempo é de ouro, Tempo ... etc. Conclusivamente a ideia de progresso não é medida ao longo de várias gerações- impensável- é medida, isso sim, em termos de 'moda Primavera, Verão, Outouno e Inverno e para o ano há mais', pois a Loba consumista que é a nossa Sociedade não se permite estar insaciada por muito tempo. Vivemos nos Tempos em que vivemos e não há nada a fazer para já... A evolução da nossa espécie passa por isto, este exagero. Haverá uma altura em que também ele, o Tempo sem tempo, deixará de existir e a calma e a boa vida voltarão, aquela em que teremos Tempo uns para os outros, até que, possívelmente, cairemos novamente noutro exagero, pois a memória dos povos é curta, penso eu. Ciclos de calma seguidos de frenesim ou exagero, são um produto natural da sociedade humana. Na cozinha, visto ser esta uma actividade humana, passar-se-à o mesmo. Chamemos-lhe a ordem natural das coisas. Como disse alguém... "Enquanto o pau vai e vem, que não me doam as costas". As respostas são sempre importantes, mas acredito mais nas perguntas: Em que tempo vivemos? Já estamos fartos de tanta inovação? Queremos a cozinha da minha Avó Bia? A sermos verdadeiros, talvez respondamos: - também- às duas últimas e - não sei- à primeira, não? Deixo a questão em aberto. Falta-me tempo.
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